Bate Bola – Matheus Queiroz
Quando pensamos em robótica, imaginamos aqueles gênios capazes de criar soluções tecnológicas inovadoras incríveis, com muita estratégia e trabalho em equipe. Aqui na Larco, temos um campeão na área: o auxiliar de operação Matheus Queiroz foi primeiro lugar no Campeonato Baiano de Robótica de 2006, classificou-se para o Sul Americano, conquistando o 8º lugar em 2007, também participou de diversos eventos e feiras. Ex-integrante da equipe ULTRA JOVEM, atual ROBO LIFE, do Centro Integrado de Atividades SESI/SENAI, Matheus faz parte da distribuidora desde 2019 e agora lida com “tipos diferentes de robôs”, na forma de equipamentos da Larco.
Com apenas 27 anos, já é um dos colaboradores envolvidos no processo de automação da base de Candeias. Pretende fazer especialização na área, setor que vem crescendo, e aplicar na Larco, que está ampliando a automação nas novas bases. “Por que não estar na ponta desse processo?”, questiona Queiroz. “Tenho muito a agradecer à empresa, ao meu coordenador José Carlos Moreira e ao gerente de base David Nogueira pela oportunidade que me foi dada. Estou no processo de promoção para técnico de planejamento operacional e nesse tempo já pude conhecer todo o processo da empresa, além de participar do projeto de automação, tanto no sistema de Telemetria dos tanques da BASECAN, quanto na automatização das plataformas e nos novos Skids de descarga”, conta. Sua história incrível vai parar na televisão, em matéria sobre essa pioneira turma de robótica, pela TV Futura. O programa irá ao ar ainda este ano.
1 – Como conheceu a robótica?
Eu me envolvi durante quatro anos em um projeto de robótica na rede SESI. Por conta disso despertei o interesse por esta área, decidi cursar engenharia mecânica e me formei. Desde o início fiquei bastante feliz com a proposta, porque participei da primeira turma de robótica do SESI, em 2006. Era tudo muito novo, algo que a gente estava aprendendo ali, pouco a pouco, um com o outro, bem interessante. Era o torneio de robótica da Lego, FIRST® LEGO® League (FLL), inicialmente para crianças e jovens de 9 a 16 anos. Eu tinha 13 anos, era bem novo, a gente participava de projetos de melhoria, onde era necessário apresentar propostas inovadoras e havia missões a serem executadas com um robô que desenvolvemos com peças da Lego. Programações, peças, combinações de tarefas, tudo isso daí ajuda a melhorar o nosso raciocínio lógico, desempenho, o emocional, a proatividade e foi muito válido para a formação da pessoa que eu sou hoje. O trabalho em equipe, a questão de você conseguir se sobressair e tomar decisões em momentos de tensão, de pressão, em que precisa resolver algo, desenvolve a nossa maturidade desde aquela época. O espírito de liderança também, porque eu trabalhava na parte de execução das tarefas, então tinha que sempre manter a calma para poder executar da melhor maneira possível todo aquele projeto que a gente vinha desenvolvendo durante meses. Eu era o mesário da equipe.
2 – Você vivenciou quatro anos de estudos na área. Como é a rotina de um aluno de robótica?
A gente estava sempre buscando melhorias no processo. Era uma equipe de 12 alunos e fazíamos um trabalho integrado, meio período de estudo e meio período sempre na nossa sala de treinamento, desenvolvendo protótipos, projetos, peças, tudo em busca de tornar o sistema mais confiável e, no nosso caso, mais rápido, porque a gente precisava desenvolver as missões no menor tempo possível e alcançar a maior pontuação. Nós tínhamos o campeonato interno da rede SESI, mas era basicamente um preparatório para os campeonatos maiores, a exemplo do regional e do nacional. Na verdade, nós tivemos pontuação para participar até de um campeonato mundial, representando o Brasil, mas na nossa época, por conta da nossa idade, não foi viável, seria na Alemanha. Nem sabia que depois de tanto tempo estaria aqui contando essa história.
3 – Muitos jovens encontram na robótica uma maneira de mudar de vida. Acha que isso aconteceu com você?
Com certeza teve um impacto muito grande na minha personalidade, aprendi a trabalhar bem mais em equipe, a buscar melhorias em tudo o que vejo, não só para mim, mas para todo o meio ambiente. Você começa a ter uma visão fora da caixa, a enxergar o que pode fazer de melhor, pensando na melhoria contínua. Acredito que comecei a ter um desenvolvimento lógico bem melhor depois disso e a gostar mais da área de exatas, matemática, física… E para me formar em Engenharia Mecânica, teria que gostar.
4 – Campeão baiano em 2006 e oitavo lugar no Sul Americano de Robótica de 2007. O que é preciso para vencer em torneios tão disputados?
Tem que ter muita dedicação, se esforçar ao máximo, saber lidar com um certo nível de estresse nessas horas, por conta de missões que não davam certo, não conseguiam ser executadas da melhor maneira possível, mas a preparação foi a base de tudo. Fomos a primeira turma da rede Sesi que conseguiu esse feito, e a partir daí ela se tornou um pilar na rede, que começou a desenvolver várias outras equipes, e novos projetos, equipes que conseguiram também feitos bons, mas por sermos pioneiros, isso me marcou. No campeonato de 2006, me identifiquei muito com um robô tipo esteira que fizemos e nos deu uma maior flexibilidade na execução das missões. Ele possuía uma estrutura leve e ágil, por isso a gente conseguiu ter melhores resultados e, consequentemente, a vitória.
5 – A robótica e o ambiente competitivo dos torneios o ajudaram na área em que você atua na Larco?
Com certeza, porque hoje a gente trabalha muito em equipe e às vezes eu preciso desempenhar papéis de liderança quando algum dos encarregados ou o líder operacional não estão presentes, sou o substituto direto. Então, tenho que saber lidar com as pessoas. Para buscar o melhor de cada um, é necessário conhecer as próprias falhas, extrair o melhor de cada um e não menosprezar o ponto fraco do outro. Isso me fez enxergar muito bem em equipe. Hoje, aqui na minha área, consigo identificar que um operador é melhor na área de carregamento, outro é melhor na área de descarregamento. Minha formação na equipe de robótica me deu esse discernimento e o que consigo executar na área hoje com certeza é fruto disso.
6 – Qual o seu maior desafio até hoje na Larco?
O processo de automação, que está em fase de conclusão, realmente está sendo um dos maiores desafios para mim aqui na Larco. Ele veio em várias etapas, com investimento alto e trouxe muitas inovações. Por estar na frente de tudo isso, a pressão é grande para que o projeto dê certo, seja entregue no prazo e a gente atenda às demandas. Todos os dias temos que enfrentar esses novos desafios e vencê-los.
7 – Se pudesse participar de uma competição de robótica hoje, qual projeto gostaria de desenvolver?
Acho que buscaria algo para o lado da saúde. Porque a gente pensa que não, mas a tecnologia e a saúde andam lado a lado. Vários equipamentos modernos facilitam a vida de médicos e enfermeiros, então sempre a gente pode buscar uma melhoria. Com a chegada dessa pandemia, podemos perceber o quanto as inovações tecnológicas podem ser importantes. Então buscar uma melhoria, algo que trouxesse maior precisão e maior confiabilidade da área de saúde seria, para mim, um feito muito interessante.